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A BHP, sócia da Vale na Samarco, iniciou um julgamento em Londres que pode resultar em uma indenização de £36 bilhões (cerca de US$ 46,9 bilhões) por um desastre ambiental ocorrido em 2015, quando a barragem de Fundão se rompeu em Mariana, Minas Gerais. A ação coletiva envolve mais de 620.000 pessoas afetadas pelo colapso, que destruiu vilarejos, poluiu rios e causou a morte de 19 pessoas, tornando-se um dos maiores casos desse tipo no Reino Unido.
Durante o julgamento, que se estenderá por 12 semanas, os advogados da BHP devem argumentar que a empresa não pode ser responsabilizada, pois a Samarco opera de forma independente e que a BHP cumpriu todas as regulamentações locais, além de não ter conhecimento sobre o comprometimento da barragem. Contudo, os representantes dos reclamantes alegam que a BHP tem adotado estratégias para evitar o pagamento de indenizações e que a empresa falhou em mitigar os danos causados pelo desastre.
A ação legal é um teste significativo para a responsabilização de multinacionais em casos de desastres ambientais, especialmente quando ocorrem em países distantes. Enquanto isso, a BHP e a Vale estão em negociações com autoridades brasileiras para finalizar um acordo estimado em R$ 170 bilhões, que pode influenciar o desdobramento do julgamento no Reino Unido. A expectativa é que um acordo seja anunciado até o final de outubro ou início de novembro.
Os analistas do Itaú BBA, após uma reunião com a administração da Vale, confirmaram que as negociações com as autoridades brasileiras continuam. A BHP, em comunicado, reafirmou seu compromisso em trabalhar em um processo de compensação justo e abrangente para as vítimas do desastre.
Esse caso, que tramitou nos tribunais ingleses por seis anos, destaca a complexidade dos litígios ambientais internacionais e as dificuldades enfrentadas por grupos que buscam justiça por danos significativos. A expectativa é que o julgamento não só trate da responsabilidade da BHP pelo desastre, mas também estabeleça precedentes sobre como tribunais de outros países lidam com ações coletivas envolvendo grandes corporações.