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Em uma decisão que surpreendeu parte da comunidade internacional, o Brasil vetou informalmente a inclusão da Venezuela como novo parceiro do BRICS. A nova categoria de parceria do bloco é uma das principais pautas da 16ª reunião do grupo, que acontece em Kazan, na Rússia. A lista preliminar, que inclui 12 países, não conta com a ditadura venezuelana de Nicolás Maduro, apesar da estreita relação do país com a Rússia, anfitriã do encontro.
Entre os países que receberam convite para a parceria estão Cuba, Bolívia, Indonésia, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Nigéria, Uganda, Turquia e Belarus. A lista, porém, ainda pode ser alterada durante o encontro dos líderes de Estado e governo do bloco.
O veto à Venezuela reflete a crescente tensão entre o governo de Nicolás Maduro e o Brasil. A relação entre os dois países, que já foi próxima, azedou desde que Maduro venceu as últimas eleições, amplamente consideradas fraudulentas. O governo brasileiro, liderado por Lula, optou por não reconhecer os resultados do pleito, o que causou um distanciamento virtual entre as duas nações.
Essa decisão segue a linha de evitar a inclusão de regimes autoritários que possam comprometer a imagem do bloco no cenário internacional. No entanto, outras ditaduras, como Cuba e Bolívia, que mantêm uma boa relação com o Brasil, seguem na lista de convidados, mostrando que o posicionamento brasileiro não é uma política uniforme em relação a todos os regimes autoritários.
Expansão dos BRICS
A expansão do BRICS continua a ser um tema central nas reuniões do bloco. Em 2023, a China liderou a entrada de novos membros como Irã e Etiópia, numa demonstração de seu poder dentro do grupo. No entanto, para o encontro de 2024, a postura chinesa parece mais cautelosa, com preocupações sobre o crescimento desmedido do bloco e a entrada de países com visões que podem divergir das metas estratégicas da China e Rússia, principais potências do BRICS.
A exclusão da Venezuela foi acompanhada por ausências de outros países, como Argélia e Marrocos, evidenciando a complexidade de manter um equilíbrio geopolítico em um bloco que está se expandindo, mas que precisa lidar com rivalidades regionais.
A reunião também abordará temas como a reforma do Conselho de Segurança da ONU, a guerra no Oriente Médio e o conflito entre Rússia e Ucrânia. O Brasil, que recentemente defendeu uma maior participação no Conselho de Segurança, pode enfrentar novas dificuldades para manter sua posição, devido às ambições de países como Egito e Etiópia, recém-chegados ao BRICS.
O posicionamento brasileiro no BRICS continua a ser cuidadosamente calculado, equilibrando seus interesses econômicos e políticos com sua imagem internacional. O veto à Venezuela é uma demonstração clara de que o Brasil busca distanciar-se de regimes que possam afetar sua reputação global, ainda que continue a cultivar laços com outras nações de perfil autoritário.