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Os preços do café estão subindo drasticamente, com previsões de que uma xícara da bebida possa custar até 7 dólares em Nova York ou 5 libras em Londres. Diversos fatores econômicos e ambientais estão pressionando as principais regiões produtoras, elevando o custo dos grãos não torrados a níveis historicamente altos, conforme relatado pela analista Judy Ganes.
A crise começou em 2021, quando uma geada severa atingiu o Brasil, maior produtor mundial de café arábica, prejudicando as safras e provocando escassez. Isso forçou os compradores a recorrerem ao Vietnã, produtor de grãos robusta, utilizados em misturas instantâneas. Contudo, o Vietnã também foi afetado, enfrentando a pior seca em quase uma década. Muitos agricultores, diante das dificuldades climáticas, migraram para a produção de durian, uma fruta lucrativa, mas de odor forte, especialmente procurada na China.
Os estoques de café robusta no Vietnã estão quase esgotados, ainda faltando dois meses para a nova colheita. A diminuição da oferta no país fez com que os preços disparassem no mercado global. Outros países como Colômbia, Etiópia, Peru e Uganda tentaram aumentar suas exportações, mas a produção não foi suficiente para suprir a demanda. Como resultado, tanto os grãos robusta quanto os arábica estão em alta no mercado de commodities.
Paul Armstrong, da Carrara Coffee Roasters, alerta que os consumidores devem se preparar para pagar mais pela bebida. Ele observa que o café em larga escala será o mais impactado, embora a inflação geral também contribua para o aumento dos preços, com custos de aluguel e mão de obra influenciando mais do que o custo dos grãos em si.
A próxima safra de primavera no Brasil será um ponto crítico. A expectativa é que as chuvas voltem a tempo de garantir uma boa floração das plantas. No entanto, a longo prazo, as mudanças climáticas representam um risco sério para a indústria. Estima-se que a área propícia ao cultivo de café pode ser reduzida em até 50% até 2050, mesmo com a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Como medida de mitigação, Felipe Barretto Croce, da FAFCoffees, sugere a criação de um “prêmio verde”, um imposto adicional sobre o café para financiar práticas agrícolas sustentáveis, ajudando a proteger o futuro da produção mundial de café.