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A Danone esclareceu nesta terça-feira (29) que não deixará de comprar soja brasileira, desmentindo informações que circulavam na mídia. Em nota enviada ao Poder360, a empresa afirmou que a informação “não procede” e que continua adquirindo insumos de produtores brasileiros.
A soja brasileira na cadeia de fornecimento
“A soja brasileira é um insumo essencial na cadeia de fornecimento da companhia no Brasil e continua sendo utilizada”, destacou a Danone. A empresa mencionou que a maior parte desse volume é intermediada pela Central de Compras, que inclui processos de verificação da origem da soja, assegurando que ela venha de áreas não desmatadas e com rastreabilidade adequada.
Repercussão da declaração do diretor financeiro
O comunicado da Danone surgiu em resposta a uma entrevista do diretor financeiro Jurgen Esser à Reuters, na qual ele afirmou que a empresa não obtinha mais soja do Brasil, enfatizando um rastreamento rigoroso para garantir a sustentabilidade dos ingredientes utilizados.
A declaração de Esser provocou reações negativas entre os produtores brasileiros, que chegaram a solicitar um boicote aos produtos da Danone nas redes sociais. Xico Graziano, colunista do Poder360, comentou que a situação evidencia como a sustentabilidade se tornou um tema central em disputas comerciais.
Reações da Aprosoja e contexto comercial
A Aprosoja (Associação Brasileira de Produtores de Soja) classificou a fala de Esser como uma “demonstração de desconhecimento” e um “ato discriminatório contra o Brasil e sua soberania”. A associação também pediu que o governo brasileiro registrasse uma reclamação nos órgãos reguladores do comércio mundial.
Conflito de interesses e a Lei Europeia Antidesmatamento
O incidente ocorre em meio a um conflito maior envolvendo a Lei Europeia Antidesmatamento (EUDR), que exige um controle rigoroso sobre a rastreabilidade de produtos exportados para a Europa. As penalidades para empresas que não cumprirem a lei podem chegar a 20% do faturamento.
Diante das preocupações expressas por diversas indústrias europeias sobre a viabilidade de cumprimento das novas regras, a Comissão Europeia propôs um adiamento da implementação da lei por 12 meses, com novas datas de entrada em vigor previstas para 30 de dezembro de 2025 para grandes empresas e 30 de junho de 2026 para micro e pequenas empresas.
Nos países produtores da América do Sul, essa legislação foi vista como protecionista, especialmente considerando a importância do setor agrícola nas recentes eleições do Parlamento Europeu.