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“Está tudo manipulado”, afirmou o ex-presidente dos EUA antes de ouvir a decisão unânime do júri
Em um marco significativo, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi considerado culpado nesta quinta-feira (30) em 34 acusações por um Júri em Tribunal de Nova York. A decisão unânime foi anunciada no início da noite, após dois dias de deliberações intensas.
“Não fizemos nada de errado. Sou um homem extremamente inocente,” declarou o 45º presidente dos EUA após deixar o tribunal. “O verdadeiro julgamento será dado pelo povo em 5 de novembro”, acrescentou, referindo-se às próximas eleições presidenciais de 2024.
Kayla Epstein, repórter da BBC presente no tribunal, relatou que Trump ouviu cada veredicto de culpado sem demonstrar reação visível. “Para quem estava assistindo, parecia que o ar havia se tornado pesado como pedra”, comentou a jornalista na transmissão ao vivo da cobertura.
Sentença e Repercussão
A sentença será determinada pelo juiz Juan Merchan em 11 de julho, apenas quatro dias antes da Convenção Nacional Republicana. Trump pode enfrentar até 4 anos de prisão por cada uma das 34 acusações. A equipe de defesa do ex-presidente já planeja apelar contra a condenação, argumentando que seria impossível para Trump ter um julgamento justo em Nova York, um bastião democrata.
Contexto do Caso
Trump é acusado de falsificar registros contábeis em seu império empresarial para encobrir um pagamento de US$ 130 mil (aproximadamente R$ 676 mil) à ex-atriz pornô Stormy Daniels. O montante visava silenciar Daniels sobre um suposto encontro sexual em 2006. As provas incluem 11 faturas, 12 vouchers e 11 cheques que indicam pagamentos mensais de reembolso a Michael Cohen, ex-advogado de Trump.
Os promotores alegam que a fraude tinha a intenção de impedir que os eleitores de 2016 soubessem do comportamento inadequado de Trump.
Reações e Implicações
Este julgamento marca a primeira vez que um ex-presidente dos Estados Unidos enfrenta um processo criminal. Ao chegar ao tribunal em Manhattan, Trump, de 77 anos, repetiu suas críticas ao juiz Juan Merchan, chamando-o de “corrupto”. “É um dia muito triste para os Estados Unidos (…). Está tudo manipulado,” afirmou Trump, que permaneceu no tribunal até o fim das deliberações.
O presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, o republicano Mike Johnson, condenou o veredicto, chamando-o de “vergonhoso.” “Hoje é um dia vergonhoso na história americana. Os democratas celebram enquanto condenam o líder do partido da oposição com acusações absurdas, baseadas no testemunho de um criminoso condenado. Foi um exercício puramente político, não jurídico,” declarou Johnson.
A equipe do presidente Joe Biden também se manifestou. “Vimos hoje em Nova York que ninguém está acima da lei,” disse o diretor de comunicações da campanha Biden-Harris em um comunicado.
Deliberações do Júri
Durante as deliberações, os jurados se retiraram para discutir o caso em privado, com acesso a todas as evidências. Após algumas horas, solicitaram a revisão dos depoimentos de dois personagens-chave: David Pecker, ex-editor de um tabloide próximo de Trump, e Michael Cohen, ex-advogado e agora principal acusador de Trump. Seus testemunhos focaram em uma reunião na Trump Tower em agosto de 2015, onde discutiram um plano para evitar escândalos que pudessem prejudicar a campanha presidencial de Trump, incluindo pagamentos para silenciar eventuais denunciantes.
Esta condenação histórica coloca Trump em uma situação legal delicada, com potencial para impactar significativamente seu futuro político e a paisagem política americana em 2024.
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