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O Pix se consolidou em 2024 como o principal meio de pagamento para compras no e-commerce brasileiro, ultrapassando o tradicional cartão de crédito. A nova edição da pesquisa TIC Domicílios, divulgada pelo Cetic.br, revelou que 84% dos consumidores que compram pela internet agora utilizam o Pix como forma preferencial de pagamento. Essa cifra representa um salto significativo em relação a 2022, quando a adesão ao Pix era de 66%. Em contraste, o uso do cartão de crédito caiu de 73% para 67%, enquanto o boleto bancário, tradicionalmente mais comum entre consumidores de menor renda, sofreu uma queda acentuada, de 43% para 24%.
Fatores que Impulsionam o Pix
O avanço do Pix no comércio eletrônico se deve a vários fatores. Descontos oferecidos pelos vendedores para compras pagas via Pix têm sido um grande atrativo. Além disso, o Pix ganhou funcionalidades como o agendamento de pagamentos e o parcelamento, o que o tornou ainda mais competitivo em relação ao cartão de crédito. Segundo Fabio Storino, coordenador da pesquisa TIC Domicílios, “O Pix incorporou vantagens que antes eram exclusivas do cartão de crédito, democratizando o acesso a um método de pagamento rápido e eficaz”.
A pesquisa também mostrou que a adoção do Pix é mais evidente entre os consumidores de baixa renda, que têm menos acesso a cartões de crédito. O boleto bancário, que por muito tempo foi a principal opção desses consumidores, perdeu espaço para o Pix pela facilidade e rapidez nas transações.
A Expansão do E-commerce no Brasil
Em 2024, 46% dos brasileiros compraram produtos e serviços pela internet, o equivalente a 73 milhões de pessoas. Este crescimento no comércio digital reflete a maior digitalização da população e a expansão do acesso à internet no país. Entre os usuários que realizam compras online, 90% utilizam sites de compra e venda, um aumento de 18 pontos percentuais em relação a 2022.
Apesar do avanço do e-commerce, a pesquisa destaca que grandes varejistas online continuaram a dominar o mercado, mantendo a maior parte de sua base de clientes conquistada durante a pandemia. O número de consumidores que preferem comprar diretamente no site de uma loja, em vez de usar plataformas de e-commerce, caiu de 59% para 35% entre 2022 e 2024, confirmando a concentração de poder nas mãos dos maiores players do setor.
O Crescimento da Conectividade no Brasil
O Brasil alcançou 159 milhões de usuários de internet em 2024, segundo o relatório do Cetic.br, com o número subindo para 166 milhões quando considerados os usuários de aplicativos que exigem conexão. A diferença no acesso à internet entre as classes mais ricas e mais pobres diminuiu ao longo dos anos, caindo de 83 para 32 pontos percentuais desde 2015. Atualmente, 83% dos domicílios no país têm algum tipo de conexão à internet, sendo que o acesso é universal na classe A (100%) e atinge 68% nas classes D e E.
Desigualdade no Acesso à Internet de Qualidade
Apesar dos avanços no acesso à internet, ainda há uma disparidade significativa na qualidade da conectividade. Apenas 22% dos brasileiros possuem acesso a uma internet considerada satisfatória, que leva em conta fatores como velocidade, custo e o uso de múltiplos dispositivos. Essa desigualdade é ainda mais acentuada entre as diferentes classes sociais: 73% dos brasileiros da classe A têm acesso a uma boa conectividade, enquanto apenas 3% das classes D e E possuem essa mesma qualidade de conexão.
A pesquisa também revela que 60% dos usuários de internet no Brasil dependem exclusivamente do celular para acessar a rede. Essa proporção aumenta para 98% entre aqueles com menor nível de escolaridade e para 86% entre as classes D e E, enquanto nas classes mais altas, apenas 18% utilizam o celular como único meio de acesso.
Impacto do Pix na Inclusão Financeira
O Pix tem desempenhado um papel crucial na inclusão financeira dos brasileiros. Ao oferecer um método de pagamento instantâneo, gratuito e amplamente acessível, ele permite que pessoas de baixa renda realizem transações que, anteriormente, dependiam de métodos mais caros ou inacessíveis, como o cartão de crédito. Essa inclusão é particularmente importante em um cenário em que 16 milhões de brasileiros ainda não utilizam a internet e 60% das transações dependem exclusivamente do celular.
Além de promover a inclusão, o Pix tem ajudado a democratizar o acesso a serviços digitais, ampliando as opções de pagamento para quem antes era limitado ao boleto bancário ou a métodos que ofereciam menos vantagens. A popularização do Pix e as constantes inovações do sistema, como o Pix por aproximação, que deve ser lançado em breve pelo Banco Central, indicam que essa revolução nas formas de pagamento está longe de terminar.