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Dívida bruta sobe para 76% do PIB, o maior nível desde abril de 2022, segundo o Banco Central
O setor público consolidado do Brasil, composto pela União, Estados, municípios e estatais, registrou um deficit nominal de R$ 1,043 trilhão nos 12 meses até abril de 2024. Este valor é o maior da série histórica iniciada em 2002, superando o pico registrado durante a pandemia de covid-19, que era de R$ 1,017 trilhão. Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira (29.mai.2024). A íntegra do relatório está disponível em PDF.
Impacto dos Juros e Dívida Pública
O resultado nominal do setor público consolidado, que calcula a diferença entre receitas e despesas incluindo o pagamento dos juros da dívida, corresponde a 9,41% do PIB. Um dos fatores que contribuíram para o aumento do deficit foi a alta despesa com os juros da dívida, que alcançou R$ 776,3 bilhões no mesmo período, também um recorde histórico.
A taxa Selic, atualmente fixada em 10,50% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom), tem contribuído para o encarecimento da dívida pública, elevando o deficit nominal. A Selic em níveis elevados é uma medida para controlar a inflação, mas também aumenta os custos de financiamento do governo.
Declarações das Autoridades
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, destacou as incertezas no cenário externo, a possibilidade de mudança da meta de inflação e questões sobre a credibilidade do arcabouço fiscal como fatores que afetam a economia. Por outro lado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende que a meta de inflação é extremamente rigorosa e que existem “fantasminhas” que tentam difundir uma percepção negativa sobre a situação econômica do Brasil.
Resultado Primário e Dívida Bruta
O saldo primário, que exclui o pagamento dos juros da dívida, também contribuiu para a deterioração das contas públicas, com um deficit de R$ 266,5 bilhões nos últimos 12 meses até abril. Esta piora, juntamente com o aumento das despesas com juros, elevou a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) para 76% do PIB, o maior nível desde abril de 2022. Sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a dívida aumentou 4,3 pontos percentuais, totalizando R$ 8,4 trilhões.
Deficit Real
Corrigido pela inflação, o deficit atual está abaixo do pico da pandemia de covid-19, quando atingiu R$ 1,293 trilhão. No entanto, o deficit primário está no maior nível desde julho de 2021, evidenciando um cenário fiscal preocupante para o país.