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A Tesla, liderada por Elon Musk, apresentou nesta quinta-feira o aguardado protótipo do táxi autônomo “Cybercab”, durante um evento em Burbank, Califórnia. Apesar da expectativa gerada, a falta de informações concretas sobre como a empresa planeja atingir suas ambiciosas metas com os robocars causou frustração nos investidores. O impacto negativo refletiu-se rapidamente no mercado: as ações da Tesla caíram até 6,9% após o evento.
Cybercab e Robovan: Design Futurista e Prazos Distantes
O “Cybercab”, um sedã de dois lugares com design elegante e portas que abrem para cima como asas de borboleta, foi o destaque da apresentação. Musk afirmou que a produção poderia começar em 2026, com um preço estimado abaixo de US$ 30.000. No entanto, além dessa previsão de custo, poucos detalhes técnicos foram fornecidos. As questões regulatórias e operacionais também foram ignoradas, e não ficou claro se a Tesla pretende administrar sua própria frota de táxis autônomos.
Outro conceito apresentado foi o “Robovan”, um veículo futurista projetado para transportar até 20 pessoas, mas também sem previsão de lançamento. Apesar do entusiasmo visual, a falta de um cronograma específico gerou dúvidas sobre a viabilidade dos projetos no curto prazo.
Reações e Queda nas Ações
Os investidores esperavam que o evento trouxesse mais clareza sobre os planos da Tesla em relação aos veículos autônomos, especialmente quanto à transição dos atuais sistemas de assistência avançada para uma condução totalmente autônoma. Entretanto, a ausência de especificações práticas gerou preocupações sobre a capacidade da Tesla de cumprir suas promessas.
Especialistas do mercado, como Gene Munster, da Deepwater Asset Management, e Tom Narayan, da RBC Capital Markets, destacaram que, embora o design tenha agradado, os prazos distantes e a falta de números concretos levaram a uma recepção morna. Analistas também demonstraram decepção com a falta de atualizações sobre outros modelos acessíveis que Musk havia mencionado anteriormente.
Histórico de Atrasos e Ceticismo Regulatório
A Tesla tem um histórico de estabelecer prazos ambiciosos que acabam sendo adiados. Em 2019, Musk prometeu que haveria mais de um milhão de robôs-táxi em circulação até o ano seguinte, algo que não se concretizou. A promessa mais recente de que os proprietários dos modelos Model 3 e Model Y no Texas e na Califórnia não precisariam mais supervisionar a condução autônoma até 2024 também gera ceticismo, dado o histórico da empresa.
O cenário regulatório também levanta questões. O candidato presidencial dos EUA, Donald Trump, afirmou que poderia impedir a operação de veículos autônomos nas estradas americanas, apontando preocupações com a tecnologia. Embora tenha apoiado Trump em sua candidatura, Musk ainda não comentou sobre como a Tesla pretende lidar com potenciais desafios regulatórios.
Expectativas e Incertezas
Embora a Tesla continue a inovar e a projetar veículos futuristas que alimentam a imaginação do público, a empresa enfrenta um desafio real em termos de concretizar suas promessas no curto prazo. Com a produção do Cybercab prevista para 2026 e a Robovan ainda sem data definida, investidores e analistas permanecem cautelosos sobre o futuro da Tesla no segmento de veículos autônomos.
A ausência de atualizações sobre outros modelos acessíveis também aumenta as incertezas sobre a trajetória da empresa, especialmente num momento em que precisa atingir recordes de entrega de veículos para evitar um declínio nas vendas anuais.
Em resumo, o evento da Tesla, que tinha o potencial de impulsionar as ações e o otimismo em torno da tecnologia de veículos autônomos, acabou por gerar mais dúvidas do que respostas, deixando investidores preocupados com a execução dos planos ambiciosos de Elon Musk.